Vítor Frazão, arqueólogo, nascido a 16 de Junho de 1985, na Caldas da Rainha. Autor do livro “Crónicas Obscuras – A Vingança do Lobo” e vários contos de dark fantasy. Para mais informação sobre as obras do autor podem consultar a página do Goodreads.
Na Fénix nº 2, Vitor Frazão participa com um conto curto na temática Livros, "Mundos em Mundos".
Marcelina Gama Leandro: Queres-nos falar rapidamente um pouco de ti?
Vitor Frazão: 16 de Junho de 1985, em pleno Bloomsday, às 13h38, nasceu uma bola de cabelo que mais tarde recebeu a denominação de Vitor Frazão. No dia seguinte foi lançado o Discovery Channel. Coincidência? É possível.
Esta é aquela parte em que digo que escrevo desde pequenino? Sorry, não é verdade e se fosse provavelmente não seria grande motivo de orgulho.
Pouco para dizer. Fui criado em São Martinho do Porto, onde de uma criança que via demasiada televisão me tornei num adulto que lê demais (pelo menos é o que me dizem, a mim parece sempre pouco). Ganho a vida como arqueólogo, ou seja, a maior parte do tempo estou nesse “belo” mundo de acompanhamento de obras, onde entre aprender uma lista infindável de piropos e evitar olhar para regos tento arranjar uns trocos para as Finanças terem o que palmar.
MGL: Para alem de vários contos publicados tens também o "A Vingança do Lobo", queres falar-nos do teu percurso como escritor, e para onde esperas caminhar como tal?
VF: Meti-me na escrita de um modo muito ingénuo e acabei por ser vítima dos tubarões que hoje sei que povoam o meio, alimentando-se dos sonhos alheios. Aprendi a lição, embora provavelmente precise de anos para livrar-me do estigma desse erro inicial, se o conseguir de todo. Evolui desde então e espero continuar a fazê-lo até morrer ou ficar sem narrativas para contar, o que vier primeiro. Não me iludo, ainda há muitas arestas a limar.
MGL: Persegues o teu sonho, "Viver do que escrevo", quando é que desejo por ser escritor começou e quão perto achas que estás? Em Portugal achas possível alcançares tal desejo?
VF: A minha situação mudou um pouco desde que verbalizei esse sonho pela última vez. Escritor quererei sempre, mas a ideia de viver disso foi enterrada a partir do momento em que se tornou prejudicial à própria escrita. Durante a perseguição desse sonho acabei por dar por mim a gastar menos tempo a aperfeiçoar a escrita e mais a tentar criar uma “fanbase” através da blogosfera e afins. A partir daí deixou de fazer sentido para mim. Afinal, o sonho de viver do que escrevo nasceu do desejo de poder dedicar-me em exclusivo a criar narrativas, gastar o pouco tempo que tenho para escrever noutra coisa é ridículo. Além de parecer que quero construir um arranha-céus a partir da agulha em vez das fundações.
Se acho possível viver de escrever em Portugal? Acho. Não é fácil, mas há quem o faça.
Acho possível no meu caso? Suponho que uma parte de mim ainda quer acreditar nessa possibilidade… Contudo, neste momento, prefiro pensar assim: escrever é a prioridade, tudo o resto secundário.
MGL: Onde é que podemos ver mais o teu trabalho representado?
VF: Neste momento a maioria dos meus contos encontram-se em diversos volumes da Nanozine e no blogue Fantasy & Co., projecto para o qual foi convidado há pouco menos de um ano. Também participei no Conto Fantástico nº 3 e na antologia Dragões da Editora Draco. Aliás, o conto da última é protagonizado pelas mesmas personagens de “Mundos em mundo” da Fénix nº 2.
Gostaria de aumentar o leque de participações em outros projectos, ao ponto de responder a esta pergunta se tornar praticamente impossível.
MGL: Queres referir algo que te pareça importante mencionar e deixar aqui algum contacto?
VF: Free Tibet! Não? Ok, é melhor não. Não quero chatear os nossos futuros overlords.
Jovem escritores, não sejam parvos! Sei que o desejo de publicar é grande, mas pensem antes de agir e tenham cuidado. Acreditem os erros pagam-se caro e não falo apenas de “graveto”. Pagar para escrever não é, nem deve ser considerada a regra.
Contactos. Embora o blog “Crónicas Obscuras” esteja suspenso, continua a ter por lá mais de 400 posts sobre o universo literário a que pertence “A Vingança do Lobo” e a grande maioria dos meus contos. Senão podem sempre dar um saltinho a “Fantasy & Co.” e comentar o que publicamos por lá. Aproveito também para dizer que Hugin e Munin, os protagonistas de “Mundos em mundos” aparecerão em contos por lá. Se gostarem deles, venham visitá-los e aproveitem para dizer se estão interessados em ver mais da dupla.
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