Joel Puga concluiu o curso de Engenharia de Sistemas e Informática em 2008 na Universidade do Minho. Os seus anos de formação foram passados entre os estudos, a leitura, o cinema e a escrita. Após um período de mais de dois anos como Bolseiro de Investigação, trabalha agora como programador. Para além de ter contribuído para vários artigos científicos, conta também com alguns contos publicados em fanzines e antologias.
Marcelina G. Leandro: Será que nos queres falar um pouco de ti?
Joel Puga: Nasci em Viana do Castelo no ano de 1983. Histórias fazem parte da minha vida desde que me consigo recordar. Em miúdo, os meus pais costumavam contar-me histórias todas as noites antes de dormir. Também aprendi a ler muito cedo, a minha mãe ensinou-me antes de eu ir para a escola primária, e, por influência do meu pai, comecei a procurar os livros de Dumas e Verne, entre outros. Recordo-me que, para meu desalento, a minha escola primária não tinha uma biblioteca, pelo que o meu pai me levava todos os meses à freguesia vizinha para ir buscar livros à biblioteca ambulante, que ainda não fazia paragem na nossa. Quando passei para o ciclo, tornei-me num verdadeiro rato de biblioteca. Provavelmente, passei mais tempo na biblioteca da escola que no recreio. A empregada conhecia-me tão bem que me deixava ficar lá fora das horas de serviço e trazer livros para casa por tempo indeterminado. Já na universidade, e embora eu tenha estudado em Braga, conheci, através de colegas, a loja Mundo Fantasma, no Porto, onde comprei os meus primeiros livros em inglês, que me abriu um novo mundo de leituras.
Também me recordo que em minha casa se via muito cinema. Acho que comecei a ver filmes antes de saber ler graças às dobragens dos canais espanhóis. Aliás, uma das minhas memórias mais antigas é ver, numa velha televisão a preto e branco, a versão de 1953 de “A Guerra dos Mundos”. Lembro-me, também, de ver, ainda muito novo, pelo menos alguns dos filmes das sagas “Star Wars” e “Indiana Jones”, para além de uma série de outros filmes de ficção científica, “spaghetti westerns” e umas quantas das inúmeras imitações de “Conan, o Bárbaro” que foram produzidas nos anos 80.
Todas estas influências exercitaram a minha imaginação, pelo que comecei a escrever também muito cedo. Lembro-me de, por mais de uma vez, ir para o meu quarto para, supostamente, fazer os trabalhos de casa, mas acabar por gastar esse tempo a escrever pequenas histórias. Também me lembro, já no ciclo, de escrever outras durante os momentos mortos das aulas. Mais tarde, comecei a escrever contos e até “revistas” a que só a família e os amigos mais chegados tinham acesso. Nesta altura, estas histórias eram, na sua maioria, fanfics (se bem que só soube que se chamavam assim muitos anos depois de as ter começado a escrever) com os nomes das personagens trocados. Só na universidade é que comecei a escrever com a intenção de publicar.
MGL: Como ex-membro do Grupo Fénix, qual achas ser o papel de fanzines e revistas, como a nossa, para os jovens autores?
JP: As fanzines são um óptimo local para os autores mais jovens se apresentarem ao público e começarem a fazer nome. Por outro lado, as críticas que se recebem, quer dos editores, quer dos leitores, podem ajudá-los a desenvolver a escrita e a ganhar confiança. E, quem sabe, pode ser que um bom conto publicado numa fanzine atraia a atenção de um organizador de um projecto com mais visibilidade ou até de um editor.
MGL: Tens participado em diferentes antologias com contos, como tem sido a experiência?
JP: No geral tem sido uma óptima experiência. Tenho recebido um bom número de opiniões encorajantes e conhecido várias pessoas (embora algumas apenas virtualmente). O ano passado foi particularmente bom. Um dos meus contos favoritos foi reeditado (na Vollüspa), tive a oportunidade de participar numa antologia organizada por uma editora profissional (Lisboa no Ano 2000) e tive um micro-conto publicado na revista Bang!. A experiência mais interessante, contudo, foi a sessão de autógrafos (a minha primeira) na Euro Steam Con ao lado dos restantes autores.
MGL: Para além dos contos, estás a trabalhar em algum projecto maior? Quais os teus planos relativamente ao teu futuro literário a este nível?
JP: Tenho dois romances na gaveta que nunca de lá deverão sair, pois que não têm qualidade (nem efectiva, nem potencial) suficiente. Ando a escrever um terceiro, cuja primeira versão já se encontra terminada, mas que ainda precisa de ser muito trabalhado antes de eu achar que está pronto para ser enviado a uma editora.
Entretanto, descobri a grande quantidade de antologias que existem no Brasil dentro da literatura fantástica, alguns com temas sobre os quais sempre quis escrever, pelo que ando a trabalhar em alguns contos para lá.
Por fim, e embora a prosa, curta ou longa, seja o meio em que eu prefiro escrever, e que eu nunca abandonarei, gostaria de experimentar escrever para outros, principalmente BD e Curtas Metragens. Já ando com o olho em alguns projectos para os quais espero ter tempo de escrever.
MGL: Queres referir algo que te pareça importante mencionar e deixar aqui algum contacto?
JP: Deixo apenas o url do meu blogue, journeysofthesorcerer.blogspot.pt/. Lá, podem encontrar ligações para as minhas contas do Facebook, Google+, Goodreadas, Twitter e email, assim como novidades sobre o meu trabalho de escrita e um ou outro parágrafo sobre coisas que gosto e me entusiasmam.
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