quinta-feira, 28 de março de 2013

Lançamento da Fénix



No próximo dia 7 de Abril, pelas 16 h, será apresentado o
 nº 2 da Fénix fanzine, no Auditório da Biblioteca Almeida Garrett, 
situado nos jardins do Palácio de Cristal no Porto.
A entrada faz-se pela 
Rua de Entrequintas, nº 268,
onde teremos os autores e outros convidados a falar sobre
 a ficção científica e fantasia em Portugal 
e o papel dos fanzines, 
para além da habitual sessão de autógrafos.



Biblioteca Almeida Garrett (Porto)
foto de Manuel de Sousa 

Para quem quiser dar uma espreitadela no ambiente dos jardins é 
clicar aqui 

segunda-feira, 18 de março de 2013

Divulgação - Sara Farinha

Sara Farinha é autora do romance ‘Percepção, uma estranha realidade’ publicado pela Alfarroba, participou no terceiro e no quarto volumes da Antologia de Poesia Contemporânea ‘Entre o Sono e o Sonho’ da Chiado editora, publicou o conto ‘Dragões de Simir’ através do smashwords, é administradora do blogue ‘Sara Farinha’ e é co-autora do ‘Fantasy & Co.’ dedicado à publicação de contos de literatura fantástica.
Na Fénix número dois participa com um conto curto.


Marcelina G. Leandro: Será que nos queres falar um pouco de ti?
Sara Farinha:
Sou uma jovem escritora, lisboeta de gema que adora ler, viajar, fotografar, ouvir música, cantar, assistir e criar histórias de todos os géneros e feitios, conviver com aqueles que partilham a minha vida e aprender. Não recuso um bom desafio, um convívio com amigos e não passo sem as minhas três muletas existenciais: café, chocolate e música.



MGL: Publicaste um livro "Percepção", como foi a tua experiência como autora publicada?
SF:
A publicação de “Percepção” tem sido uma viagem importante. Com ela aprendi muitas coisas, formei ideias e opiniões que de outra forma não teria, e descobri que toda essa experiência facilitou muitas outras. Ponderei muito antes de dar esse passo. Fi-lo consciente de que se estiver disposta a trabalhar, a aprender com os erros, a arriscar, a ultrapassar a incerteza que a mudança nos traz, é possível transformar essa experiência em algo valioso. Fi-lo consciente de que a exposição exige uma responsabilidade acrescida e que era altura de assumi-la. Não tenho medo de assumir erros, nem de declarar que procuro, sempre, todos os dias, de forma consistente e dedicada, aprender com eles e progredir. Publicar “Percepção” foi a concretização de algo pelo qual trabalhei muito. Fazê-lo num país como o nosso, prova que nem todos os preconceitos são imutáveis, nem todos os esforços em vão. Prova que se estamos dispostos a ser sinceros, e a trabalhar por aquilo que mais desejamos, porque não?!


MGL: Pertences a equipa de Fantasy & Co. Como surgiu o convite? E como tem sido a experiência?
SF:
Fui convidada a participar pelo colega Pedro Pereira, autor da saga “Apocalipse”, no início do projecto. Tem sido uma experiência muito gratificante pela comunicação que envolve com os colegas, pela oportunidade de dar a conhecer o nosso trabalho, pela possibilidade de escrever em novos formatos, temas e perseguir objectivos comuns. Tenho passado uns bons bocados a pesquisar e escrever sobre temáticas bastante sugestivas, o que me agrada muito, pois força-me a sair da minha zona de conforto e enfrentar a crítica. Juntando a isto o contacto com os colegas que vivem experiências semelhantes à minha, tornou esta experiência num projecto emocionante que, na minha opinião, tem muito para dar.



MGL: Quais os teus objectivos a longo prazo como escritora?
SF: 
Tenho vários objectivos e alguns planos também. O principal é continuar a escrever, uma paixão que abracei há muito tempo mas que precisa de ser orientada, e continuar a perseguir formas de melhorar. Mas o mais importante é experienciar esta viagem como nenhuma outra. Afinal, não se trata de ter sucesso, ou vencer, mas de viver com esta escolha que fiz da melhor forma possível.


MGL: Queres referir algo que te pareça importante mencionar e deixar aqui algum contacto?
SF: 
Se é importante deve ser declarado, sublinhado e ressaltado. Por isso afirmo que é importante que apoiem projectos como o “Fénix Fanzine” que junta, e prova, o quanto um punhado de pessoas dedicadas pode fazer. Quanto aos meus contactos encontram-me por aqui http://sarinhafarinha.wordpress.com/ na maioria dos dias, senão podem enviar-me um email.

sábado, 16 de março de 2013

Divulgação - Joel Puga


Joel Puga concluiu o curso de Engenharia de Sistemas e Informática em 2008 na Universidade do Minho. Os seus anos de formação foram passados entre os estudos, a leitura, o cinema e a escrita. Após um período de mais de dois anos como Bolseiro de Investigação, trabalha agora como programador. Para além de ter contribuído para vários artigos científicos, conta também com alguns contos publicados em fanzines e antologias.



Marcelina G. Leandro: Será que nos queres falar um pouco de ti?
Joel Puga: Nasci em Viana do Castelo no ano de 1983. Histórias fazem parte da minha vida desde que me consigo recordar. Em miúdo, os meus pais costumavam contar-me histórias todas as noites antes de dormir. Também aprendi a ler muito cedo, a minha mãe ensinou-me antes de eu ir para a escola primária, e, por influência do meu pai, comecei a procurar os livros de Dumas e Verne, entre outros. Recordo-me que, para meu desalento, a minha escola primária não tinha uma biblioteca, pelo que o meu pai me levava todos os meses à freguesia vizinha para ir buscar livros à biblioteca ambulante, que ainda não fazia paragem na nossa. Quando passei para o ciclo, tornei-me num verdadeiro rato de biblioteca. Provavelmente, passei mais tempo na biblioteca da escola que no recreio. A empregada conhecia-me tão bem que me deixava ficar lá fora das horas de serviço e trazer livros para casa por tempo indeterminado. Já na universidade, e embora eu tenha estudado em Braga, conheci, através de colegas, a loja Mundo Fantasma, no Porto, onde comprei os meus primeiros livros em inglês, que me abriu um novo mundo de leituras. Também me recordo que em minha casa se via muito cinema. Acho que comecei a ver filmes antes de saber ler graças às dobragens dos canais espanhóis. Aliás, uma das minhas memórias mais antigas é ver, numa velha televisão a preto e branco, a versão de 1953 de “A Guerra dos Mundos”. Lembro-me, também, de ver, ainda muito novo, pelo menos alguns dos filmes das sagas “Star Wars” e “Indiana Jones”, para além de uma série de outros filmes de ficção científica, “spaghetti westerns” e umas quantas das inúmeras imitações de “Conan, o Bárbaro” que foram produzidas nos anos 80. Todas estas influências exercitaram a minha imaginação, pelo que comecei a escrever também muito cedo. Lembro-me de, por mais de uma vez, ir para o meu quarto para, supostamente, fazer os trabalhos de casa, mas acabar por gastar esse tempo a escrever pequenas histórias. Também me lembro, já no ciclo, de escrever outras durante os momentos mortos das aulas. Mais tarde, comecei a escrever contos e até “revistas” a que só a família e os amigos mais chegados tinham acesso. Nesta altura, estas histórias eram, na sua maioria, fanfics (se bem que só soube que se chamavam assim muitos anos depois de as ter começado a escrever) com os nomes das personagens trocados. Só na universidade é que comecei a escrever com a intenção de publicar. 

MGL: Como ex-membro do Grupo Fénix, qual achas ser o papel de fanzines e revistas, como a nossa, para os jovens autores? 
JP: As fanzines são um óptimo local para os autores mais jovens se apresentarem ao público e começarem a fazer nome. Por outro lado, as críticas que se recebem, quer dos editores, quer dos leitores, podem ajudá-los a desenvolver a escrita e a ganhar confiança. E, quem sabe, pode ser que um bom conto publicado numa fanzine atraia a atenção de um organizador de um projecto com mais visibilidade ou até de um editor. 



MGL: Tens participado em diferentes antologias com contos, como tem sido a experiência? 
JP: No geral tem sido uma óptima experiência. Tenho recebido um bom número de opiniões encorajantes e conhecido várias pessoas (embora algumas apenas virtualmente). O ano passado foi particularmente bom. Um dos meus contos favoritos foi reeditado (na Vollüspa), tive a oportunidade de participar numa antologia organizada por uma editora profissional (Lisboa no Ano 2000) e tive um micro-conto publicado na revista Bang!. A experiência mais interessante, contudo, foi a sessão de autógrafos (a minha primeira) na Euro Steam Con ao lado dos restantes autores. 

MGL: Para além dos contos, estás a trabalhar em algum projecto maior? Quais os teus planos relativamente ao teu futuro literário a este nível? 
JP: Tenho dois romances na gaveta que nunca de lá deverão sair, pois que não têm qualidade (nem efectiva, nem potencial) suficiente. Ando a escrever um terceiro, cuja primeira versão já se encontra terminada, mas que ainda precisa de ser muito trabalhado antes de eu achar que está pronto para ser enviado a uma editora. Entretanto, descobri a grande quantidade de antologias que existem no Brasil dentro da literatura fantástica, alguns com temas sobre os quais sempre quis escrever, pelo que ando a trabalhar em alguns contos para lá. Por fim, e embora a prosa, curta ou longa, seja o meio em que eu prefiro escrever, e que eu nunca abandonarei, gostaria de experimentar escrever para outros, principalmente BD e Curtas Metragens. Já ando com o olho em alguns projectos para os quais espero ter tempo de escrever.

MGL: Queres referir algo que te pareça importante mencionar e deixar aqui algum contacto? 
JP: Deixo apenas o url do meu blogue, journeysofthesorcerer.blogspot.pt/. Lá, podem encontrar ligações para as minhas contas do Facebook, Google+, Goodreadas, Twitter e email, assim como novidades sobre o meu trabalho de escrita e um ou outro parágrafo sobre coisas que gosto e me entusiasmam.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Pumba! - Capas

Deixamos-vos aqui as capas das duas versões da pumba, assim como uma das páginas do suplemento humorístico.  Espero que vos divirta.
Capa da Pumba! 1

Capa da Pumba! Ashcan



(c) Todos os desenhos dão da autoria de João Pedro

quinta-feira, 14 de março de 2013

Divulgação - Inês Montenegro


Inês Montenegro nasceu em Novembro de 1988, na cidade do Porto, Portugal, onde estuda actualmente. Licenciada em Direito, frequenta agora no curso de Línguas, Literaturas e Culturas, vertente Português/Inglês. Entre os seus hobbies encontra-se o gosto pela escrita e a ânsia da leitura, que abrange vários géneros, sendo, no entanto, indo as suas preferências para a Fantasia e o Romance Histórico. Em termos de publicações, tem vários contos espalhados entre Portugal e Brasil - já a escrita, a maioria fica-se pela gaveta.



Marcelina G. Leandro: Será que nos queres falar um pouco de ti? 
Inês Montenegro: Querer, querer… Posso colocar a cópia do meu CC em vez da resposta? Não? Oh, well… Nasci no Porto, fui criada em Lamego, e voltei à “Inbicta” para estudar já vão uns sete anos. Aparentemente gosto muito de estudar, desde que sejam matérias diversas. Tenho a sorte de uma família que não só me passou dois grandes gostos, como forneceu e fornece os meios para os aproveitar: ler e viajar. Também me deram um nome comprido que dói, é divertidíssimo ver a cara das pessoas quando tenho preencher formulários com os apelidos todos. Oh, e não se pode falar de mim sem mencionar chocolate, mitologia greco- romana e Harry Potter. A personalidade fica ao vosso critério. 




MGL: Licenciaste-te em Direito e decidiste inscrever-te em Línguas, Literaturas e Culturas, a escrita teve alguma influência nesta decisão?
IM: Alguma, mas foi muito mais culpa da leitura, a salafrário  A verdade é que quando acabei o décimo segundo ano não sabia o que fazer da vida. Direito pareceu a melhor opção porque era o curso, dentro de Humanidades, que oferecia um maior leque de possibilidades depois de terminado o curso – infelizmente o plano caiu por terra quando quase no fim do curso me apercebi que ia ser uma infeliz a vida toda caso fosse obrigada a lidar com aquelas questões numa base diária, além de que Direito é uma área que envolve estudo constante. Até posso vir a ser uma infeliz crónica de qualquer maneira, mas tenho um certo gosto em não determinar já isso. No entanto, saber que determinada área não é a nossa melhor escolha não implica que saibamos de imediato qual a é. Estive cerca de ano e meio para me aperceber que a edição era opção, e provavelmente a melhor para mim – já lia livros e manuscritos com atenção ao que tinham de melhor, ao que ainda precisavam de mudar, e como o fazer. Naturalmente que nem nessa altura nem agora o faço a um nível profissional, mas irei chegar lá. 

MGL: Tens tido bastante sucesso em concursos no Brasil, onde foste seleccionada para várias antologias. E em Portugal, consegues a mesma percentagem de publicações, visto também haver menos antologias?
IM: Não só há menos antologias – o que é natural, são países de geografia e nível populacional muito diferentes – como eu participo menos nelas. Em relação às antologias que se têm lançado, é mea culpa, que não acabo os contos a tempo. Os concursos são outra conversa: a política de ter de enviar X cópias impressas do conto submetido é um critério que quase sempre me leva a colocá-los de lado. Ficam-me as revistas, como a Fénix e a Nanozine, e publicações como a Lusitânia, graças às quais julgo poder responder afirmativamente à questão. 

MGL: Qual será a fase seguinte? Acabar licenciatura, escrever um livro? 
IM: Tenho um objectivo a longo prazo, mas as fases faço-as mais curtas – por enquanto é aproveitar esta licenciatura de modo diferente de como aproveitei a primeira, e acabá-la com um dos anitos feito no Reino Unido (que é o mesmo que dizer, quero fugir para Erasmus). Escrever um livro que fique minimamente decente seria uma vitória, mas suspeito que terei a cartola e a bengala de finalista antes de chegar a meio da pesquisa… Porque ideia já há, bem como o esqueleto. A pesquisa é que enfim, é essencial e tem sofrido adiamentos. 

MGL: Queres referir algo que te pareça importante mencionar e deixar aqui algum contacto? 
IM: Se houver alguma coisa importante de mencionar, só me lembrarei quando a entrevista estiver publicada – é assim que funcionam os meus genes memoriais (obrigada, herança familiar!). Como contacto fica a conta no Goodreads, ou o blog. Se os quiserem usar para combinar envio de chocolates ou transferências bancárias, seria uma pessoa feliz (bem como uma habitante de outra dimensão, provavelmente). Se, pelo contrário, pretendem espalhar pozinhos de spam, tenho um exército de macacos alados à espera das minhas ordens.


quarta-feira, 13 de março de 2013

Passatempo


Está a decorrer um passatempo de uma Fénix nº 1 no blog Morrighan, a quem agradecemos desde já a disponibilidade para o mesmo. Para se habilitarem a ganhá-lo basta responderem correctamente às perguntas do formulário com as seguintes regras:

- O Passatempo termina às 23h59 do dia 21 de Março
- Só será aceite uma participação por pessoa
- Só serão aceites participações de Portugal

 Boa sorte.

terça-feira, 12 de março de 2013

Divulgação - Ricardo Dias


Ricardo Dias começou a consumir oxigénio e outros recursos naturais em 1 de Setembro de 1978, e desde então não parou de o fazer. Reza a lenda que a sua primeira palavra foi “zero”, o que augurava coisas estranhas. Frequentou, contrariado, a escola, durante doze anos, apenas para descobrir que no ano em que ingressava no ensino superior não havia vagas no curso de assassino profissional. Assim, optou por Medicina, onde se mantém activo. Especializou-se em Medicina Legal mas o único zombie que viu até hoje foi o seu reflexo no espelho da casa de banho pela manhã. Ambiciona que a primeira palavra do seu filho seja “livro”.


Marcelina Gama Leandro: Queres-nos falar rapidamente um pouco de ti?
Ricardo Dias: Ora aí está um tópico de conversa com o qual nunca me sinto muito à vontade… Bem, não sei o que dizer de interessante. Se tivesse de ir a um daqueles concursos de dating, estava tramado, não ia conseguir impingir-me a ninguém. Ainda bem que a minha mulher não me deixa a ir a essas coisas! Bem, para parar de fugir ao assunto, sou um tipo que adora tudo o que puxe à imaginação, e os géneros de fantasia/ficção científica/horror são, para usar uma expressão cuja origem nunca entendi muito bem, “a minha praia” (o que tem piada, porque eu não gosto de praia). Adoro ler e ver filmes, bem como jogar jogos vídeo (são os meus passatempos favoritos), e também gosto de tudo o que envolva criar. Escrever, desenhar, até construir coisas em Legos. Desde miúdo que tenho esses gostos (ok, a escrita foi um “achado” de anos mais recentes). Também aprecio particularmente tudo o que envolva humor refinado (humor britânico é o meu favorito), sendo acusado frequentemente de ser gozão e de não saberem quando estou a falar a sério ou a meter-me com as pessoas. Admito que muitas vezes trata-se da segunda situação. Mas é mais forte que eu. Principalmente, tenho muita pena de não ter mais tempo para me dedicar a essas actividades, mas como a alternativa era abandonar família, amigos e emprego e nas grutas dos eremitas o sinal wi-fi costuma ser fraco, tenho que me contentar com os bocaditos que vou arranjando. Quem sabe, um dia sai-me o Euromilhões e posso largar o trabalho. Talvez comece a jogar, sempre melhora as probabilidades de ganhar um jackpot.

MGL: Como estreante por estas andanças das publicações, como surgiu a ideia de submeter à Fénix o teu conto e como correu esta experiência?
RD: Bem, isso aconteceu mais por acaso do que outra coisa… Fui apresentado ao Álvaro por um conhecido comum nosso (o Vasco, na Mundo Fantasma), que de repente me indigitou (se bem me lembro, apontou mesmo o dedo) a dizer que eu escrevia umas coisas. Sendo naturalmente tímido, tentei esconder-me atrás de um balcão de revistas, mas já estava exposto. Na altura estavam ainda a recolher material para a publicação e o Álvaro sugeriu que eu desse uma olhadela ao site da Fénix e se estivesse interessado, enviasse algum conto para apreciação. Escolhi um dos meus favoritos, naturalmente, e enviei. E como gostaram, bem, suponho que se pode dizer que a experiência correu bastante bem.

MGL: Para além da escrita, o desenho é outro dos teus prazeres, qual a importância que lhes dás no teu dia-a-dia.
RD: Mais do que a escrita, consigo dedicar-me ao desenho com mais facilidade. No caso da escrita, apenas me dedico à mesma em frente ao meu computador (não gosto de escrever à mão, estou demasiado habituado a teclados), enquanto que no caso do desenho, basta-me ter algo com que escrever e um pedaço de papel, e sai logo qualquer coisa. Em qualquer lugar. Desde miúdo que sou assim. O meu boletim de vacinas (ainda tenho o original) tem algumas amostras da minha primeira arte, quando me levavam a um restaurante, eu enchia as toalhas de papel de desenhos (com a vantagem para os adultos de que não havia Ricardo a fazer barulho), e mesmo no meu percurso escolar, enchia os cadernos e os livros com gatafunhos. Os meus professores passavam-se um bocado com isso, mas normalmente sossegavam depois de verem que isso não me impedia de tirar boas notas. Ainda hoje tenho o vício de estar a desenhar em alturas em que estou parado, por exemplo, nas reuniões de serviço no trabalho. O meu bloco de notas tem mais desenhos que apontamentos. Mas a verdade é que desenhar me acalma e até me ajuda a concentrar no que se passa à volta (se estiver a tentar só ouvir a reunião, por exemplo, passados 5 minutos estou a sonhar acordado). Quanto à escrita, é um bom escape para as minhas ideias malucas, mas é mais difícil, como expliquei atrás, dar-lhe a devida dedicação.

MGL: Tive já o prazer de ler mais contos teus, que desde já posso dizer que gostei imenso, mas fiquei intrigada, qual a inspiração para estes? Em algum ponto a tua experiencia profissional tem influência no que escreves?
RD: A minha inspiração, em geral, deriva da minha imaginação hiperactiva. A minha imaginação parece a do Calvin, no Calvin & Hobbes ou a do J.D. na série Scrubs. Se não tiver algo em que concentrar, lá está ela a tentar manifestar-se. Para além disso, foi sempre alimentada com dieta rica em livros, filmes, banda desenhada, jogos e afins. Com um regime desses, os elementos estão todos lá, e volta e meia encaixam-se em formas engraçadas. Como foi o caso desses contos de que falas. Se quiseres que seja mais concreto, no caso de “Um Dia de Trabalho”, sempre gostei da guerra eterna entre o Paraíso e o Inferno, especialmente de tudo o que diz respeito a demónios. Quanto aos conceitos finais, lembro-me de uma história que vi numa curta-metragem, há muitos anos, baseada numa história contada por uma criança, em que Deus e o Diabo se reuniam ao fim do dia, num escritório, de fato e gravata, para fazer o balanço das suas actividades diárias. Acho o conceito delicioso, e creio que me ajudou a definir o tom da história.
Normalmente, não diria que a minha experiência profissional influencia a minha escrita de um modo tão significativo como as toneladas de coisas que leio, vejo ou jogo.

MGL: Queres referir algo que te pareça importante mencionar e deixar aqui algum contacto? 
RD: Vou deixar o meu apelo: parem de ler isto e escrevam, desenhem, vão criar qualquer coisa! Nem que seja comprar uma peça no IKEA e montá-la à vossa vontade ignorando as instruções! Puxem pela imaginação, é o que faz de nós quem somos.
Quem me quiser contactar (nem que seja apenas para me chamar “palerma”), pode fazê-lo através do mail

(c) todos os desenhos são da autoria de Ricardo Dias. 

domingo, 10 de março de 2013

Divulgação - Ana C. Nunes

Ana C. Nunes escreve maioritariamente romances, mas também muitos contos e algumas Bandas Desenhadas. Escreve, fantasia e ficção científica, embora por vezes se aventure também na ficção contemporânea. Em 2006-2007 escreveu o guião para a BD “Que Sorte a minha” (Jornal Barcelos Popular); em inícios de 2013 publicou um conto na antologia “Lisboa no Ano 2000” (Saída de Emergência) e irá publicar o seu romance “Angel Gabriel – Pacto de Sangue”, e um conto na antologia “Erótica Fantástica – Volume 2” (Editora Draco). Mantém, desde 2008, o blog: http://capala.wordpress.com e desde 2009 o blog de opiniões literárias: http://florestadelivros.blogspot.com/

Marcelina G. Leandro: Será que nos queres falar um pouco de ti?


 Ana C. Nunes: Nascida na cidade do galo, em 1983, cresci no meio de muita banda desenhada, mas foi apenas aos 13 anos que senti o apelo do desenho e, 1 ano mais tarde, o da escrita. Costumo dizer que tudo começou por rivalidade, e é bem verdade. Tinha uma colega de turma que era boa a desenho e escrevia ficção, e eu queria ser melhor que ela, por isso fui entretendo as minhas veias literárias e desenhistas, até que não podia mais parar. Desde então passei por várias fases artísticas: primeiro foram as histórias ilustradas, depois a banda desenhada, até que o bichinho da escrita tomou o pódio e por lá ficou. Continuo a gostar de BD e ilustração, mas a escrita está acima de tudo isso.

MGL: Estás neste momento a preparar o teu primeiro livro, "Angel Gabriel", é este o nome definitivo? Em que ponto é que está? Como nasceu? E o que esperas com este teu primeiro livro?
ACN: O título definitivo é "Angel Gabriel - Pacto de Sangue". O livro está praticamente pronto, faltando limar-lhe umas arestas em alguns capítulos extras. Como estou a trabalhar também na tradução para inglês, isso está a atrasar um pouco o processo, mas é minha intenção lançar a versão portuguesa antes do fim do mês de Março (2013). Esta história nasceu em 2005, quando três personagens surgiram no papel, sem pré-aviso. Eram estas: Angel, Gabriel e Davet (os dois primeiros são protagonistas). A partir destas personagens, surgiu a história, mas só em 2008 começaria a escrever o romance e desde então reescrevi e revi várias vezes o romance, até chegar a uma versão que me agradasse. Quanto às expectativas, sinceramente não espero grande coisa. Bem sei que ao não ser lançada por uma editora, corro o risco do anonimato. No entanto prefiro ter o livro em ebook, disponível para quem quiser, ler, do que tê-lo parado, a ganhar pó, numa gaveta qualquer. Não fazia sentido, já que acredito que é uma história que vale a pena ser contada.

MGL: Tens também vários contos publicados em antologias. Qual a tua experiência com essa faceta dos concursos e da publicação em antologias?
ACN: Em antologias, para já só tenho um conto no "Lisboa no Ano 2000", e ainda este ano sairá outro, se tudo correr bem, no "Erótica Fantástica - Volume 2". Assim sendo, a minha experiência ainda não é grande, no entanto posso dizer que ambas as selecções me apanharam um pouco de surpresa e que, na primeira, a organização esteve sempre acessível e disposta a ajudar, já na segunda, em certos momento, tive um pouco de dificuldade em contactar os organizadores, mas, eventualmente acabaram por me responder e esclarecer-me as dúvidas. Publicar contos em antologias é sempre bom pois podemos ficar associados a autores já consagrados, a boas casas editoriais e divulgamos a nossa escrita a leitores que, possivelmente, nunca alcançaríamos de outra forma. A nível de concursos, tento sempre ter cuidado com as regras. Antes de concorrer tento pesquisar informação sobre a editora e os organizadores, para tentar saber se não se trata de um daqueles esquemas em que todos os que concorrem são seleccionados e depois os autores ainda têm de pagar para receber um exemplar, e direitos autorais, nem vê-los. Para quem, como eu, não está disposto a pagar para ser publicado, há que ter atenção às entrelinhas dos regulamentos dos concursos.

MGL: Para alem da escrita tens outro talento, o desenho, neste número dás cor a um dos trabalhos da Ana C. Silva, e tens vários outros projectos com capas tuas, queres falar um pouco desse teu lado? O desenho complementa a escrita?
ACN: Tal como referi acima, o desenho foi a minha primeira paixão, por isso tenho-o num cantinho muito especial do meu coração. Por mais que a escrita me dê gosto, há sempre um burburinho a chamar-me para a ilustração e para a banda desenhada. Sou auto-didacta, tanto a nível de desenho como de pintura digital, e gosto muito de ir explorando técnicas que não domino, daí que seja sempre um prazer colaborar com outros artistas, como foi o caso da Ana C. Silva ou ainda da Natacha Salgueiro, como quem fiz uma BD de +150 páginas, entre 2006-2007. Adorava poder trabalhar na área da ilustração, mas para já a oportunidade ainda não surgiu. Ocasionalmente, faço ilustrações para fanzines, e também trabalho muito em ilustrações e estudos de personagens para os meus próprios livros. Presentemente estou a estudar capas para "Angel Gabriel - Pacto de Sangue" e publiquei na Nanozine 8, duas ilustrações relacionadas com o livro. Nesta vertente, sem dúvida que o desenho vem complementar a minha escrita e tenho, inclusive um livro já escrito, que pretendo vir a lançar com ilustrações incorporadas. Apesar de "V.I.D.A." ser um livro para todas as idades, acho que até mesmo os adultos gostam de apreciar ilustrações. Afinal, antigamente, os romances eram frequentemente acompanhados de ilustrações, como as obras de Jules Verne, Jane Austen, etc. Com o tempo essa vertente foi sendo relegada apenas para os livros infantis e infanto-juvenis, mas acredito que os adultos também estarão receptivos.

MGL: Queres referir algo que te pareça importante mencionar e deixar aqui algum contacto?
ACN: Para a Fénix 2, o desafio era escrever um micro-conto, cujo tema fosse livros. Como amante de literatura, queria escrever mais, aprofundar melhor a história; no entanto o micro-conto, além de um desafio estimulante, obriga também a um esforço adicional para que seja sucinto. Foi uma experiência muito curiosa, e agradeço-te o feedback que me permitiu melhorá-lo. Os livros são sempre uma grande fonte de inspiração para os escritores e é sempre bom recordá-lo. Se estiverem curiosos sobre os meus trabalhos/livros, podem visitar o meu blog: http://capala.wordpress.com/ ou a minha página de facebook: https://www.facebook.com/anacnunesauthor . Encontrarão informações sobre os meus livros e alguns contos grátis. Leiam muito!

sábado, 9 de março de 2013

Opinião Crítica - Fénix 2

Recebemos hoje a primeira opinião crítica da Fénix número dois. Agradecemos desde já ao Jackolta as suas simpáticas palavras que muito nos orgulham. Podem encontrar a opinião crítica na integrada no blog http://jackolta.blogs.sapo.pt.



Um fanzine excelente que muito me divertiu.Nota 5/5.
«A capa do fanzine é deslumbrante. Aquece o coração sempre que o pego para ver. Laboriosa, maravilhosa, o estilo de Art Noveau que sempre encanta, um excelente trabalho gráfico da Ana C. Silva.»

«A escuridão, de André Carneiro - 5*
Logo na primeira página, logo no primeiro parágrafo, fiquei totalmente adicto. Com facilidade compôs a imagem e só me fazia interrogar "porquê" a cada novo fenómeno que o autor apresentava. Tão estranho e singular. Prossegui entusiasmado na leitura, expectante pela sua resolução. A escrita contribui muito para embrenhar nessa terrífica realidade.»

«Um dia de Trabalho, de Ricardo Dias - 5*
(...) Há momentos hilariantes e a imaginação do autor é prodigiosa, elaborou um plano deveras demoníaco, há tanta coisa preparada para o momento certo. Quem lê policiais não deverá ver nada de novo - mas ainda assim. (...) A terceira parte é fabulosa, para mim é um final brilhante.»

«O estranho livro sem palavras, de Ana C. Silva - 4*Gostei bastante, foi uma aventura. Um ritmo rápido, tive que ir a correr atrás da protagonista. Momentos houve em que pude respirar.»

«A passagem secreta, de Sara Farinha - 5*Um desenrolar interessante de acontecimentos até um final assombroso.»

«Uma demanda Literária, de Joel Puga - 4*Gostei bastante, eu imaginava-me perfeitamente nesse mundo. A história é interessante e deu-lhe vida.»


«O livro termina com correspondência trocada entre Romeu de Melo, autor de ficção-científica, com o editor norte-americano Clifford D. Simak, onde vislumbramos o parecer elogioso do editor sobre a FC portuguesa; »


sexta-feira, 8 de março de 2013

Divulgação - Vitor Frazão

Vítor Frazão, arqueólogo, nascido a 16 de Junho de 1985, na Caldas da Rainha. Autor do livro “Crónicas Obscuras – A Vingança do Lobo” e vários contos de dark fantasy. Para mais informação sobre as obras do autor podem consultar a página do Goodreads. Na Fénix nº 2, Vitor Frazão participa com um conto curto na temática Livros, "Mundos em Mundos".



Marcelina Gama Leandro: Queres-nos falar rapidamente um pouco de ti? 
Vitor Frazão: 16 de Junho de 1985, em pleno Bloomsday, às 13h38, nasceu uma bola de cabelo que mais tarde recebeu a denominação de Vitor Frazão. No dia seguinte foi lançado o Discovery Channel. Coincidência? É possível. Esta é aquela parte em que digo que escrevo desde pequenino? Sorry, não é verdade e se fosse provavelmente não seria grande motivo de orgulho. Pouco para dizer. Fui criado em São Martinho do Porto, onde de uma criança que via demasiada televisão me tornei num adulto que lê demais (pelo menos é o que me dizem, a mim parece sempre pouco). Ganho a vida como arqueólogo, ou seja, a maior parte do tempo estou nesse “belo” mundo de acompanhamento de obras, onde entre aprender uma lista infindável de piropos e evitar olhar para regos tento arranjar uns trocos para as Finanças terem o que palmar.

MGL: Para alem de vários contos publicados tens também o "A Vingança do Lobo", queres falar-nos do teu percurso como escritor, e para onde esperas caminhar como tal?
VF: Meti-me na escrita de um modo muito ingénuo e acabei por ser vítima dos tubarões que hoje sei que povoam o meio, alimentando-se dos sonhos alheios. Aprendi a lição, embora provavelmente precise de anos para livrar-me do estigma desse erro inicial, se o conseguir de todo. Evolui desde então e espero continuar a fazê-lo até morrer ou ficar sem narrativas para contar, o que vier primeiro. Não me iludo, ainda há muitas arestas a limar.

MGL: Persegues o teu sonho, "Viver do que escrevo", quando é que desejo por ser escritor começou e quão perto achas que estás? Em Portugal achas possível alcançares tal desejo?
VF: A minha situação mudou um pouco desde que verbalizei esse sonho pela última vez. Escritor quererei sempre, mas a ideia de viver disso foi enterrada a partir do momento em que se tornou prejudicial à própria escrita. Durante a perseguição desse sonho acabei por dar por mim a gastar menos tempo a aperfeiçoar a escrita e mais a tentar criar uma “fanbase” através da blogosfera e afins. A partir daí deixou de fazer sentido para mim. Afinal, o sonho de viver do que escrevo nasceu do desejo de poder dedicar-me em exclusivo a criar narrativas, gastar o pouco tempo que tenho para escrever noutra coisa é ridículo. Além de parecer que quero construir um arranha-céus a partir da agulha em vez das fundações. Se acho possível viver de escrever em Portugal? Acho. Não é fácil, mas há quem o faça. Acho possível no meu caso? Suponho que uma parte de mim ainda quer acreditar nessa possibilidade… Contudo, neste momento, prefiro pensar assim: escrever é a prioridade, tudo o resto secundário.


MGL: Onde é que podemos ver mais o teu trabalho representado?

VF: Neste momento a maioria dos meus contos encontram-se em diversos volumes da Nanozine e no blogue Fantasy & Co., projecto para o qual foi convidado há pouco menos de um ano. Também participei no Conto Fantástico nº 3 e na antologia Dragões da Editora Draco. Aliás, o conto da última é protagonizado pelas mesmas personagens de “Mundos em mundo” da Fénix nº 2. Gostaria de aumentar o leque de participações em outros projectos, ao ponto de responder a esta pergunta se tornar praticamente impossível.

MGL: Queres referir algo que te pareça importante mencionar e deixar aqui algum contacto?
VF:  Free Tibet! Não? Ok, é melhor não. Não quero chatear os nossos futuros overlords. Jovem escritores, não sejam parvos! Sei que o desejo de publicar é grande, mas pensem antes de agir e tenham cuidado. Acreditem os erros pagam-se caro e não falo apenas de “graveto”. Pagar para escrever não é, nem deve ser considerada a regra. Contactos. Embora o blog “Crónicas Obscuras” esteja suspenso, continua a ter por lá mais de 400 posts sobre o universo literário a que pertence “A Vingança do Lobo” e a grande maioria dos meus contos. Senão podem sempre dar um saltinho a “Fantasy & Co.” e comentar o que publicamos por lá. Aproveito também para dizer que Hugin e Munin, os protagonistas de “Mundos em mundos” aparecerão em contos por lá. Se gostarem deles, venham visitá-los e aproveitem para dizer se estão interessados em ver mais da dupla.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Locais de Venda - Fénix nº 2



A partir de sexta-feira, dia 8 de Março poderão adquirir o vosso exemplar da Fénix (número 1 e número 2)  na livraria Mundo Fantasma, no shopping Brasília na cidade do Porto.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Divulgação - Ana C. Silva

 Ana Cláudia Silva participa no número dois da Fénix na dupla qualidade de artista da (belíssima) capa, como com o conto "O estranho livro sem palavras". Licenciada em Linguas e Literaturas Modernas: Inglês e Alemão, pela Universidade do Porto, escreve e desenha nos seus tempos livros. Participa desde 2008 no NaNoWrimo, sendo neste momento a Municipal Liaison nacional. Tivemos oportunidade de lhe fazer uma pequena entrevista onde ela nos falará um pouco mais dos seus projectos.

Capa de Ana C. Silva


Marcelina G. LeandroSerá que nos queres falar um pouco de ti? 

 Ana C. Silva: Se tivesse que escolher uma palavra para me definir seria "Ornitorrinco". Vagamente adorável e fofinho, mas há um elemento de estranheza que está sempre por trás. Os ornitorrincos (e eu) somos feitos de muitas partes diferentes e acabamos por ser mais que a soma delas. Além do mais, soa mais interessante que só dizer que sou 'indecisa', porque é também o que acabo por ser. Já era assim desde miúda. Ah, espera, esta era a parte onde devia falar onde nasci e que curso tenho e que faço da vida? Bom, nasci da minha mãe e do meu pai -- sabem, quando dois adultos gostam muito um do outro--ah, não era isto também? Pronto, quando tinha 1 ano, era muito cabeçuda e babava tudo que não fugisse a tempo. Aos 3 tive a minha primeira memória (que ainda mantenho) do dia antes do nascimento do meu mano. Nunca me ocorreu escrever até a 2008, mas eu e histórias sempre tivemos uma ligação muito forte: em miúda lia tudo e mais alguma coisa, aos 15 tinha mais livros que os mais pais e irmão juntos, quando entrei para a faculdade descobri os Roleplaying Games (basicamente, pessoas sentam-se à volta de uma mesa e contam histórias, usando dados e regras para introduzir um elemento de surpresa nas histórias), e pouco depois jogava-os online, o que implicava escrever tudo. Fui desafiada a entrar no NaNoWriMo por um amigo quando, durante uma discussão sobre a fantasia nacional, lhe disse que escrever livros era fácil, o difícil era escrevê-los bem. E provei que era verdade (quer o ser fácil escrever, quer a falta de qualidade). Desde então, bom, vivo no Porto com livros a mais, juízo a menos, e a minha constante tendência de não ser capaz de resistir a desafios interessantes, por mais doidos que sejam. Ah, e todos os dias me prometo que amanhã vou voltar ao ginásio. 


 MGL: Escreves, desenhas, dás aulas e estas a aprender japonês, impressionante! Qual é que te dá mais prazer neste momento? 
ACS: Como referi antes, eu adoro desafios. E enfrentar desafios novos é o que acaba por me dar mais prazer, por isso é que acabo por ter tantos hobbies diferentes. E cada um me dá prazer à sua maneira, por isso é difícil escolher um. Nisso sou um bocado cíclica: durante algum tempo só penso em escrita, outras vezes só me apetece ler, ou jogar computador, ou tentar juntar-me aos Illuminati, ou desenhar, ou pintar, ou ver séries de televisão. Recentemente acabei 4 meses intensos de escrita: NaNoWriMo em Novembro, seguido de um jogo online de RPG que acabou em Fevereiro (escrita todos os dias). Estava a planear fazer algo diferente (como ler, só li 3 ou 4 livros nestes últimos dois meses o que para mim é, bom, anormalíssimo), mas tenho um livro para acabar de escrever para uma companhia de jogos indies, por isso estou a dar na escrita outra vez durante os próximos dias. Confesso que ultimamente me tenho sentido fascinada com escultura, e ando a pensar começar por plasticina que é para ver se é só mania temporária ou se devo arriscar a investir mais. 

 MGL: Onde é que podemos ver mais o teu trabalho representado? 
ACS: Depende do trabalho que quiserem ver. No site do NaNoWriMo tenho os resumos e excertos das minhas novelas de ano passado e de à dois anos, no Camp NaNoWriMo também (o meu nome é ACSilva). Tenho a minha galeria do Deviantart (ladyentropy.deviantart.com), que não tem assim grande coisa porque sempre fui um bocado preguiçosa a meter coisas e tinha muito mais entusiasmo quando era miúda e ia para lá postar todos os dias -- agora actualizo muito pouco e como ainda estou a tentar melhorar a minha técnica de pintura tradicional, só tenho postado estudos e esboços (e a capa da Fénix 2, que fui obrigada a fazer sob pressão em dois dias, e que acho que é por isso que saiu melhor que o normal). A própria Fénix 2 é um showcase do meu trabalho: o desenho e pintura da capa são meus, tem um conto (o meu primeiro! Nunca escrevi contos porque nunca achei que tinha jeito para isso), e uma ilustração interior, pintada pela Ana Nunes que pinta muito melhor que eu (a capa, como tem cores esbatidas e o estilo Arte Nova, dá para disfarçar a minha azelhice!). Para coisas inesperadas, fiz arte para o jogo de RPG "Agents of S.W.I.N.G.", um RPG de spy-fi humorístico inspirado pelas séries de espiões dos anos 60 (como Os Vingadores, O Santo, etc.) -- e estou agora a escrever um livro sobre vilões para o jogo. Não me perguntem como é que fui elevada de ilustradora para developer\escritora. Suspeito que é essa a beleza das companhias indies - é-se pau para toda a obra. Como sou extremamente crítica da minha "obra", tenho sempre a noção que nem o meu pior inimigo merece levar com ela em cima, por isso, na maior parte das vezes, mantenho-a escondidinha no meu disco duro e nos meus muitos cadernos. 

 MGL: Conhecemo-nos no NaNoWrimo de 2011, desde aí tens participado regularmente, qual a tua opinião sobre a "utilidade" de escrever intensamente durante um mês, acabando um livro com mais de 50.000? Já publicaste algo que tenhas escrito no NaNoWrimo? Ou conheces? 
ACS: Eu sou grande apologista do NaNoWriMo e dessa loucura que é escrever uma novela em 30 dias, para além do tradicional "convence as pessoas a tentarem" e "é um bom remédio contra o medo" e "o primeiro passo é o que custa mais". Eu acho que mais jovens autores portugueses deviam tentar fazer o NaNoWriMo antes de publicar, porque o nosso país, apesar de ter muita tradição de boa escrita, ainda mostra alguma inexperiência no campo de "literatura como entretenimento descartável". Lê-se pouco, como já se sabe, mas muitos dos mencionados jovens autores que publicam (e ainda mais que queriam publicar ou escrever um livro mas acham que não conseguem) fazem-no com a ideia que escrever um livro é algo que só um grupo de iluminados consegue -- e que ou consegues escrever um livro ou não consegues. E que se conseguiste escrever um livro inteiro, quer dizer que és um dos iluminados e acabou. Na realidade, escrever um livro inteiro é fácil. O problema está em escrever BEM. E quase ninguém escreve bem à primeira. Note-se que não me acho melhor que outras pessoas por ter noção disto - eu era assim também e demorei muito tempo a aceitar que escrever não é alquimia ou artes mágicas. É como qualquer outra arte, como desenhar: tentar, falhar, tentar outra vez, aperfeiçoar, sofrer, dizer palavrões, recomeçar do início. Eu apercebi-me disto exactamente por causa do NaNoWriMo - que o primeiro manuscrito que nos sai das mãos não é o melhor que podemos fazer. É o pior. É o pior mas não faz mal -- é a parte mais importante, o ponto de partida. É como termos encontrado o tecido mais perfeito do mundo -- lindo, mas até ser um vestido deslumbrante vai precisar de MUITO trabalho. Eu tenho contacto com alguns dos autores portugueses que escrevem fantasia urbana, o meu género favorito, e noto que há uma certa tendência em ver livros como filhos, quase: quando saem de ti, são lindos e perfeitinhos, e tirando uma limpeza (de gralhas e gramática), não se mexe mais! Para mim (e o NaNoWriMo meteu-me isso na cabeça), a escrita não é perfeitinha nem bonitinha quando sai da primeira vez - é algo que tem potencial mas vai precisar de muita porrada para ficar "bom". E o NaNoWriMo, com um prazo tão curto prova mesmo isso: não nos iludimos com o que sai à primeira é bom só porque demoramos dois anos a escrever o livro -- temos um mês, e é impossível algo bom (ou pelo menos algo que não possa ser melhorado) sair dali. Nunca publiquei algo que tenha escrito no NaNo, mas quase: o meu conto desta Fénix "O Estranho Caso do Livro Sem Palavras" foi planeado no NaNoWriMo de 2011 (originalmente ia ser para a Fénix nº1) e primeiras 2000 palavras do conto foram escritas também nesse NaNoWriMo (queria chegar às 160.000 palavras nesse mês). Infelizmente, a maior parte dessas palavras acabou por ser cortada na versão final do conto (era uma cena inicial que explorava mais a relação da protagonista e do seu misterioso padrinho). E, curiosamente, o livro em que estou a trabalhar agora foi quase todo escrito na edição de Agosto do Camp NaNoWriMo. Quando a publicar material de NaNoWriMo conheço, sim, muita gente que publicou e até ficou famosa como essas edições -- pessoalmente conheço alguns portugueses, e de "ouvir falar" conheço o caso do "Como Água para Elefantes", que foi adaptado para o cinema recentemente, o "Night Circus" que foi um bestseller ano passado, e muitos outros, todos eles novelas que começaram como projectos de NaNoWriMo. Muitos autores (como a Kim Harrison, Gail Carriger, etc) usam mesmo o NaNoWriMo para escreverem o primeiro manuscrito da sua próxima obra, e depois passam o resto do ano a corrigi-lo. 

 MGL: Queres referir algo que te pareça importante mencionar e deixar aqui algum contacto? 
ACS: Sim. Subornos em forma de livros e\ou chocolate são sempre bem-vindos. Apesar de ser facilmente subornável tenho gostos muito simples (vide os supra-citos livros e\ou chocolates). Se bem que os livros ultimamente andam um bocado puxados, mas não há-de ser nada. Podem ser em inglês. Podem sempre contactar-me via pombo-correio, sinais de fumo ou vasos comunicantes. Ou através do meu email anacladasilva@hotmail.com


@Todas as imagens deste post são da autoria da Ana C. Silva.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Divulgação - André Carneiro


André Carneiro nascido em 1922 em Atibaia - São Paulo, torna-se desde de cedo num dos nomes mais importantes da cultura brasileira  Destaca-se em diferentes áreas como o cinema, a poesia, o conto, as artes plásticas e a fotografia. Recebe prémios internacionais nas diferentes áreas, assim como é premiado com os mais importantes prémios literários brasileiros: Machado de Assis, Alphonsus de Guimaraens, Pen Club Internacional e Nestlé.

Autor de uma variada e vasta obra, publicou, entre outros, "Piscina Livre" e "Amorquia" (romance), "Ângulo e face", "Espaçopleno", e "Pássaros florescem" (poesia), "Diário da nave perdida" e "O homem que adivinhava" (contos) e "Introdução ao estudo da Science-fiction", "Manual de hipnose" e "O mundo misterioso do hipnotismo", no género ensaio.

Foram escritas diversas teses académicas de mestrado e doutorado sobre sua obra poética e sua prosa. O seu conto "A Escuridão" (1963), publicado em mais de doze países, publicado nos EUA na antologia ao lado de vários vencedores de Prémios Nobeis de Literatura e participou na antologia brasileira Páginas de Sombra: Contos Fantásticos Brasileiros, editada por Braulio Tavares para a Editora Casa da Palavra (Rio de Janeiro) em 2006, que incluiu histórias de Machado de Assis, Drummond e Aluízio Azevedo.


André Carneiro foi escolhido "Personalidade do Ano de 2007" pelos editores do Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica.
Confissões do Inexplicável foi a sua última obra publicada. Com 600 páginas e capa de Vagner Vargas sobre ilustração original de Henrique Alvim-Corrêa, traz 27 histórias, 26 delas inéditas, o que resulta na mais substancial colectânea de contos de um autor de ficção cientifica jamais publicado no Brasil. Além de ficção científica, apresenta também histórias de fantasia contemporânea e suspense literário. O livro é ilustrado pelo próprio André Carneiro.

Na Fénix nº 2, André Carneiro esta presente numa entrevista que gentilmente respondeu, assim como temos o prazer de publicar, pela primeira vez em Portugal, o conto "A Escuridão".


‘Darkness’ não só é um dos maiores trabalhos escritos na ficção científica, mas também da literatura mundial. Não é apenas ficção científica de acção superficial, mas literatura no seu melhor sentido. André Carneiro merece a mesma audiência de um Kafka ou Albert Camus.” 
A.E. Van Vogt (EUA)

Bibliografia:


  • Ângulo & Face. São Paulo: Edart, 1949. Poesia.
  • Diário da Nave Perdida. São Paulo: Edart, 1963. Contos. 
  • Espaçopleno. São Paulo: Clube de Poesia, 1963. Poesia.
  • O Homem que Adivinhava. São Paulo: Edart, 1966. Contos.
  • O Mundo Misterioso do Hipnotismo. São Paulo: Edart, 1963. Não-ficção.
  • Introdução ao Estudo da 'Science Fiction' . São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1967. Não-ficção.
  • Manual de Hipnose. São Paulo: Editora Resenha Universitária, 1978. Não-ficção.
  • Piscina Livre. São Paulo: Editora Moderna, 1980. Romance.
  • Pássaros Florescem. São Paulo: Editora Scipione, 1988. Poesia. 
  • Amorquia. São Paulo: Editora Aleph, 1991. Romance. 
  • A Máquina de Hyerônimus e Outras Histórias. São Carlos, SP: Universidade Federal de São Carlos, 1997. Contos.
  • Birds Flower. Las Arenas Press: Tucson. 1998. Tradução de Leo L. Barrow. 
  • Confissões do Inexplicável. São Paulo: Editora Devir, 2007. Contos. 
  • Quânticos da Incerteza. Atibaia: Redijo, 2007. Poesia. 
  • André Carneiro: Fotografias Achadas, Perdidas e Construídas. São Paulo: Pantemporâneo, 2009.


"...palavras escritas permanecem sempre as mesmas e a realidade muda a cada segundo...usamos palavras como caixas mágicas que parecem repletas de coisas mas estão completamente vazias quando as abrimos."
André Carneiro, In: Amorquia, Editora Aleph, 1990.




Bibliografia:

sábado, 2 de março de 2013

Divulgação

Iremos ter nos próximos tempos posts de divulgação dos autores e intervenientes da fanzine Fénix. A nossa fanzine é direccionada para novos autores e como tal, pretendemos criar aqui uma plataforma de divulgação destes mesmo autores, cuja informação as mais das vezes não é tão fácil de encontrar. Deixaremos também, como é óbvio, informação dos autores mais conhecidos que a Fénix tem tido o prazer de publicar e que nunca será de mais homenagear.




sexta-feira, 1 de março de 2013

Fénix nº 2 Hoje nas bancas.

Depois de vários meses após a Ashcan, de uma dúzia de incidentes e pragas que culminaram com a avaria da máquina de impressão no início desta semana, cá está para gáudio da sua directora a Fénix nº 2.




A Fénix nº 2 está oficialmente disponível para os seus leitores. Como já é habitual em formato impresso e acompanhada, esta tal como o nº 0, pelo delicioso suplemento humorístico Pumba!. Aproveito esta oportunidade para agradecer a todos os autores que intervieram neste número, ao Rui Alexandre e ao Álvaro pela ajuda preciosa, e à Ana C. Silva pela capa que nos tem enchido as medidas sempre que olhamos para ela.

A todos um muito obrigada e muitos parabéns por este número.


Brevemente daremos mais informações sobre o lançamento.
Para os interessados em obter um número da Fénix contactem-nos via email: ez.fenix@gmail.com

Informação adicional:

Nome: Fénix nº 2
Autores: Ana. C. Nunes, Ana C. Silva, André Carneiro, Carlos A. Espergueiro, Carlos Coelho de Faria, Domingo Santos, Inês Montenegro, Joel Puga, Luís Corujo, Manuel Mendonça, Ricardo Dias, Romeu de Melo, Rui Ramos, Sara Farinha e Vitor Frazão.
Capa: Ana C. Silva
Directora: Marcelina Gama Leandro
Páginas: 90